Descubra Peirópolis: A Terra dos Dinossauros

Explore Uberaba e Peirópolis, a terra dos dinossauros no Brasil. Conheça fósseis, museus e o geoparque da UNESCO em uma viagem única ao passado pré-histórico. Venha vivenciar essa aventura!

UBERABA

Uberaba digital

4/3/20258 min read

Uberaba e Peirópolis: Uma Viagem à Terra dos Dinossauros

Imagine caminhar por uma estrada de terra, o sol quente de Minas Gerais batendo no rosto, enquanto à sua frente se ergue um esqueleto fossilizado de um dinossauro que pisou neste mesmo solo há mais de 70 milhões de anos. Não é um sonho ou um filme de Hollywood — é Peirópolis, um pequeno bairro rural de Uberaba, no Triângulo Mineiro, que carrega o título de "Terra dos Dinossauros" do Brasil. Eu nunca fui muito fã de histórias de ficção científica, mas confesso que, ao conhecer esse lugar, senti como se tivesse sido transportado para um passado distante, onde gigantes de ossos e escamas dominavam a paisagem. E o melhor? Tudo isso é real, palpável, e está bem aqui, no coração do nosso país.

Uberaba não é apenas mais uma cidade mineira conhecida pelo café ou pelo gado zebu — embora esses sejam motivos de orgulho local. Ela é um portal para a pré-história, um lugar onde o chão que pisamos guarda segred Residenciais cheios de vida extinta. Neste artigo, quero te levar comigo nessa jornada. Vamos explorar a história de Uberaba, mergulhar no fascinante mundo de Peirópolis, conhecer os dinossauros que já chamaram essa terra de lar e entender por que esse pedaço de Minas Gerais é um tesouro nacional. Prepare-se: é uma viagem longa, mas prometo que cada passo vale a pena.

Uberaba: Muito Além dos Dinossauros

Antes de chegarmos aos fósseis, vamos falar um pouco sobre Uberaba em si. Com cerca de 340 mil habitantes, a cidade é um daqueles lugares que misturam o charme do interior com um toque de modernidade. Fundada em 1820, ela cresceu às margens do Rio Uberaba, que corta a região e dá nome ao município. O nome, aliás, vem do tupi e significa "rio claro" ou "rio brilhante" — uma referência às águas que, antigamente, refletiam o céu azul sem a poluição dos tempos modernos.

Quando cheguei a Uberaba pela primeira vez, fui recebido por um calor que não era só do clima, mas das pessoas. Há algo nos mineiros que te faz sentir em casa, mesmo estando a quilômetros de distância da sua. As ruas largas, as praças arborizadas e o cheiro de pão de queijo saindo de alguma padaria me lembraram que Minas Gerais tem essa capacidade única de abraçar quem chega. Mas Uberaba tem um diferencial: ela não vive só do presente. Seu subsolo é um museu vivo, e foi isso que me levou até lá.

A economia local sempre foi marcada pela agropecuária — o gado zebu, introduzido no Brasil por aqui, é um símbolo da cidade. Mas, nas últimas décadas, Uberaba ganhou outro apelido: "Cidade dos Dinossauros". E não é exagero. Desde os anos 1940, quando os primeiros fósseis foram encontrados, a região se transformou em um dos maiores sítios paleontológicos do país. Hoje, ela é reconhecida internacionalmente, e em 2024, Uberaba recebeu o título de Geoparque Mundial da Unesco, o primeiro do Sudeste brasileiro. Isso significa que a cidade inteira, com seus 4.540 km², é um território de relevância geológica global. Impressionante, né?

Peirópolis: O Coração da Terra dos Dinossauros

A uns 20 quilômetros do centro de Uberaba, às margens da BR-262, fica Peirópolis. Se Uberaba é a porta de entrada, Peirópolis é o palco principal dessa história pré-histórica. O bairro, que mais parece uma vila, tem aquele jeitinho simples do interior: casinhas coloridas, uma igrejinha singela e um silêncio que só é quebrado pelo canto dos pássaros ou pelo barulho de algum carro passando. Mas, por trás dessa tranquilidade, há um passado agitado — e eu não estou falando da vida dos moradores, mas dos dinossauros que habitaram a região há milhões de anos.

Peirópolis leva o nome de Frederico Peiró, um empresário que, no início do século XX, instalou ali duas fábricas de calcário. Naquela época, ninguém imaginava que o calcário da região escondia algo muito mais valioso que matéria-prima para construção. Foi em 1945, durante obras para retificar uma linha férrea, que os primeiros fósseis apareceram. Um operário, provavelmente sem saber o que tinha nas mãos, encontrou ossos que chamaram a atenção de Llewellyn Ivor Price, um paleontólogo gaúcho que é considerado o pai da paleontologia brasileira. Price chegou a Peirópolis em 1946 e, até 1974, liderou escavações que revelaram um mundo perdido.

Eu fico imaginando a cara daquele operário ao desenterrar um osso que não parecia de vaca nem de cavalo. Será que ele pensou que era coisa de outro mundo? Hoje, sabemos que aqueles ossos pertenciam a criaturas como o Uberabatitan ribeiroi, o maior dinossauro já encontrado no Brasil, com até 23 metros de comprimento. Mas, na época, era tudo um mistério — e um mistério que colocou Peirópolis no mapa.

O Museu dos Dinossauros: Uma Janela para o Passado

Se você visitar Peirópolis, o ponto alto da viagem é o Museu dos Dinossauros, parte do Complexo Cultural e Científico de Peirópolis (CCCP), mantido pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). O museu fica na antiga estação ferroviária do bairro, um prédio charmoso que já viu trens carregados de calcário partirem rumo a São Paulo. Hoje, em vez de cargas, ele abriga histórias de um passado muito mais antigo.

Quando entrei no museu pela primeira vez, fui recebido por uma réplica imponente do Uberabatitan. É difícil não se sentir pequeno diante daquele esqueleto. O Uberabatitan ribeiroi, descoberto em 2004, é um titanossauro herbívoro que viveu no período Cretáceo Superior, entre 80 e 66 milhões de anos atrás. Seu nome homenageia o geólogo Luiz Carlos Borges Ribeiro, um dos grandes nomes da paleontologia local. Fiquei pensando em como seria ver um bicho desses pastando por aí — provavelmente eu correria na direção oposta, mesmo sabendo que ele só comia plantas!

Mas o museu não é só sobre o Uberabatitan. Lá, você encontra fósseis e réplicas de outros dinossauros, como os abelissauros, carnívoros de 7 metros que deviam ser o terror da época, e o Maniraptora, uma espécie de "dino-ave" que mostra como os dinossauros estão ligados às aves modernas. Tem também o Uberabasuchus terrificus, um crocodilo pré-histórico que ganhou o apelido de "Crocodilo Terrível de Uberaba". Esse bicho, com seus 70 milhões de anos, é uma das estrelas do museu — e um lembrete de que a região não era habitada só por dinossauros, mas por uma fauna diversa e fascinante.

O que mais me marcou no museu foi a sensação de proximidade com o passado. Não é só olhar para ossos empoeirados; é imaginar como esses animais viviam, o que comiam, como se moviam. Há uma exposição que reconstrói as paisagens de Uberaba na era dos dinossauros, com rios, florestas e vulcões ao fundo. Fiquei tentando visualizar como seria o céu daquele tempo, sem prédios ou fumaça, só o som de criaturas gigantes ecoando pela planície.

As Descobertas que Mudaram Tudo

Peirópolis não é só um museu — é um sítio paleontológico ativo. Desde as primeiras escavações de Price, a região já revelou centenas de fósseis, de dinossauros a tartarugas, rãs e até ovos fossilizados. Uma das descobertas mais incríveis aconteceu em 2022, quando cientistas encontraram o primeiro sítio de nidificação de dinossauros do Brasil, no bairro Ponte Alta, a 30 quilômetros do centro de Uberaba. Eram 20 ovos de titanossauros, cada um com cerca de 12 centímetros de diâmetro, preservados por 80 milhões de anos. Quando li sobre isso, fiquei arrepiado. Imagina só: um ninho de dinossauros, um berçário pré-histórico, bem aqui no Brasil!

Outra descoberta marcante foi a paleotoca de Peirópolis, encontrada em 2019. É a primeira toca do período Cretáceo Superior da América do Sul, provavelmente feita por crocodilos que viviam na região há 72 milhões de anos. O paleontólogo argentino Agustín Martinelli, que identificou a estrutura, disse que ela mostra como esses animais se protegiam e interagiam com o ambiente. Eu fico pensando no trabalho que deve ter sido cavar essa toca — e no trabalho ainda maior de desenterrá-la hoje.

E não para por aí. Em 2023, durante a construção do Conjunto Habitacional Tamareiras, em Uberaba, foram achados 283 fósseis em mais de 250 blocos de rocha. Quase uma tonelada de história veio à tona, incluindo ossos de dinossauros herbívoros, lagartos e crocodiliformes. Isso transformou Uberaba no maior sítio paleontológico urbano do Brasil. É impressionante pensar que, enquanto as pessoas constroem casas novas, o passado insiste em emergir do solo.

Por Que Isso Importa?

Você pode estar se perguntando: "Tá, mas por que eu deveria me importar com um monte de ossos velhos?" Eu também me fiz essa pergunta antes de conhecer Peirópolis. Mas, ao caminhar por lá, percebi que não é só sobre dinossauros — é sobre nós. Esses fósseis contam a história da Terra, de como a vida evoluiu, sobreviveu e, em alguns casos, desapareceu. Eles são um lembrete de que nosso planeta é muito mais antigo e complexo do que imaginamos.

Além disso, Uberaba e Peirópolis mostram o poder da ciência brasileira. Em um país onde a pesquisa muitas vezes enfrenta cortes de verba e falta de apoio, os paleontólogos daqui conseguiram colocar o Brasil no mapa mundial da paleontologia. O Uberabatitan, o Uberabasuchus e tantas outras espécies únicas são provas de que temos muito a oferecer ao mundo — e a nós mesmos.

O Futuro: Uberaba Titan Parque e o Turismo

A história de Uberaba e Peirópolis não está parada no passado. Em 2025, está prevista a inauguração do Uberaba Titan Parque, um parque temático em Peirópolis com 100 réplicas de dinossauros, algumas delas mecatrônicas, com sons e movimentos. O parque, que terá 110 mil m², promete ser uma experiência imersiva, com playgrounds, restaurantes e atividades educativas. Quando soube disso, fiquei animado — é uma chance de levar essa riqueza paleontológica a ainda mais pessoas, especialmente às crianças, que vão crescer sabendo que o Brasil tem seus próprios "Jurassic Parks".

O turismo já é forte na região. Em 2022, o Museu dos Dinossauros recebeu 120 mil visitantes, e com o título de Geoparque da Unesco e o novo parque, a expectativa é que esses números cresçam. Uberaba também atrai por outros motivos, como a herança de Chico Xavier, o médium que fez da cidade um polo espiritual, e as feiras de gado zebu. Mas os dinossauros, sem dúvida, são o grande chamariz.

Uma Reflexão Pessoal

Saí de Peirópolis com uma mistura de fascínio e humildade. Fascínio por estar tão perto de algo tão antigo e grandioso; humildade por perceber o quanto somos pequenos diante do tempo. Voltei para casa com uma foto do Uberabatitan no celular e uma vontade enorme de contar essa história para todo mundo. Uberaba e Peirópolis não são só sobre dinossauros — são sobre conexão, entre o passado e o presente, entre a ciência e as pessoas, entre o Brasil e o mundo.

Se você tiver a chance, vá até lá. Caminhe pelas trilhas de Peirópolis, visite o museu, toque nas rochas que guardam milhões de anos de história. E, quem sabe, sinta o mesmo arrepio que eu senti ao imaginar um titanossauro cruzando o horizonte. Uberaba é mais do que uma cidade — é um convite para olhar para trás e sonhar com o que já foi.

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