Huawei lança MateBook Fold com chip de 7 nm e expõe atraso da China
Novo notebook dobrável da Huawei revela design avançado, mas uso de chip de 7 nm expõe limites da China em semicondutores frente a rivais como TSMC e Intel.
TECNOLOGIA


Huawei MateBook Fold revela limitações da China em chips: design inovador, mas avanço tecnológico ainda estagnado
Na corrida global por supremacia tecnológica, a Huawei continua sendo uma protagonista de destaque. Recentemente, a empresa lançou o MateBook Fold, um notebook dobrável com design futurista e tela OLED de 18 polegadas. Mas por trás da estética moderna e das inovações em design, uma verdade incômoda veio à tona: a indústria de chips da China ainda enfrenta grandes barreiras tecnológicas.
A surpresa surgiu quando análises revelaram que o novo notebook utiliza um processador de 7 nanômetros, fabricado pela SMIC (Semiconductor Manufacturing International Corporation), a maior fabricante chinesa de chips. Em tempos em que gigantes como a TSMC já avançam para chips de 2 nm, a presença do chip de 7 nm no novo produto da Huawei indica que o país asiático ainda caminha a passos lentos rumo à independência em semicondutores.
Design de ponta, mas chip "defasado"
O MateBook Fold traz diversas inovações: tela dobrável OLED, corpo ultrafino com apenas 7,3 mm de espessura e o sistema operacional HarmonyOS 5, desenvolvido pela própria Huawei. No entanto, o que deveria ser um símbolo de independência tecnológica da China acabou servindo como alerta.
A consultoria TechInsights desmontou o produto e confirmou que o chip utilizado é produzido com processo de 7 nm (N+2), ainda bem distante do que há de mais moderno no setor. Essa tecnologia foi amplamente utilizada em smartphones há cerca de 5 anos, mas hoje é considerada uma geração ultrapassada em relação aos padrões mais atuais.
Por que a China está "presa" no 7 nm?
A explicação passa por um dos grandes entraves da indústria chinesa: as sanções impostas pelos Estados Unidos. Desde 2019, a Huawei e outras empresas chinesas enfrentam uma série de restrições que limitam o acesso a tecnologias avançadas. Um dos principais gargalos é a proibição de compra de máquinas de litografia EUV (ultravioleta extrema), essenciais para fabricar chips menores que 5 nm.
Essas máquinas são fabricadas por poucas empresas no mundo, com destaque para a ASML, na Holanda. Sem acesso a esse tipo de equipamento, a SMIC depende de litografia DUV (ultravioleta profunda), que exige múltiplas exposições para alcançar os 7 nm, tornando o processo mais caro, lento e com menor rendimento.
Sanções tecnológicas
As sanções tecnológicas dos EUA visam conter o avanço da China em áreas estratégicas como inteligência artificial, 5G e semicondutores. Elas têm se mostrado eficazes, retardando o desenvolvimento de chips mais avançados no país asiático. A SMIC, por exemplo, ainda não consegue produzir em escala chips de 5 nm ou menos.
HarmonyOS como resposta à dependência externa
A Huawei tem buscado alternativas para reduzir a dependência de softwares e componentes ocidentais. Uma dessas iniciativas é o desenvolvimento do HarmonyOS, sistema operacional que substitui o Android e o Windows em seus dispositivos.
Com o MateBook Fold, a Huawei reforça sua aposta em um ecossistema próprio, completamente nacionalizado. Essa estratégia visa fortalecer a autossuficiência tecnológica, que é prioridade no plano de desenvolvimento da China para a próxima década.
Autossuficiência tecnológica
O conceito de autossuficiência tecnológica tem guiado grande parte das políticas públicas e investimentos privados chineses. A Huawei é vista como peça-chave nesse processo, não apenas pelo desenvolvimento de software e hardware, mas também pela inovação em design e integração de sistemas.
Chip stacking: a alternativa chinesa
Diante da impossibilidade de competir em nodes menores como 3 nm ou 2 nm, a Huawei e outras empresas chinesas começaram a explorar técnicas alternativas, como o empilhamento de chips (chip stacking). Essa abordagem permite aumentar a performance sem depender de litografia mais avançada.
Segundo o fundador da Huawei, Ren Zhengfei, essa pode ser uma solução viável de curto a médio prazo, embora ainda existam desafios térmicos, de consumo e de custo para produção em larga escala.
Comparação com concorrentes
Enquanto a Huawei e a SMIC estão no 7 nm, a TSMC (Taiwan Semiconductor Manufacturing Company) já produz chips de 3 nm e se prepara para os 2 nm. A Intel e a Samsung também estão avançando nesse sentido. Essa diferença de duas ou três gerações representa uma vantagem significativa em termos de performance, consumo energético e capacidade de execução de tarefas mais complexas, como modelos de inteligência artificial generativa.
Impacto no mercado internacional
Apesar das limitações, o MateBook Fold tem apelo no mercado chinês, onde o nacionalismo tecnológico impulsiona as vendas. No entanto, seu impacto no mercado global pode ser limitado justamente pela ausência de chips de ponta e pela incompatibilidade com softwares populares ocidentais.
Ainda assim, o lançamento cumpre um papel simbólico: mostrar ao mundo que a Huawei continua inovando, mesmo em um cenário de forte pressão externa.
A Huawei representa mais que uma marca de tecnologia. Hoje, é símbolo da resistência chinesa às sanções ocidentais e da tentativa do país de assumir um papel de liderança tecnológica global sem depender de insumos e ferramentas estrangeiras.
O papel da SMIC na disputa global
A SMIC é a principal fundição de semicondutores da China e carrega a responsabilidade de liderar os avanços no setor. No entanto, com acesso limitado a tecnologias essenciais, seu crescimento está restrito a processos mais antigos.
Além disso, por ser alvo de sanções, a empresa também enfrenta desafios para contratar talentos internacionais e estabelecer parcerias com outras fabricantes de renome.
Como isso afeta o consumidor final?
Para o consumidor médio, o chip de 7 nm pode não parecer um problema. Afinal, o MateBook Fold oferece um bom desempenho para tarefas comuns, design elegante e um sistema fluido. Mas, para quem precisa de alto desempenho, como desenvolvedores, gamers ou usuários de IA, os chips de 7 nm podem ser limitantes.
Além disso, a menor eficiência energética e o maior aquecimento são desvantagens que precisam ser consideradas.
O futuro da Huawei e da indústria chinesa
A médio prazo, a China ainda dependerá de tecnologias externas para avançar na produção de chips de última geração. Mas com investimento pesado, incentivos estatais e foco em inovação, o país pode reduzir essa defasagem nos próximos anos.
Enquanto isso, a Huawei continua sendo uma referência em inovação de design, integração de sistemas e ousadia tecnológica, mesmo com limitações de hardware.
FAQ - Perguntas Frequentes
1. Por que o chip do MateBook Fold é considerado ultrapassado?
Porque é fabricado com tecnologia de 7 nm, usada em 2018/2019. Hoje, empresas líderes já produzem chips com 3 nm e planejam chegar aos 2 nm em breve.
2. O que impede a Huawei de usar chips mais modernos?
As sanções dos EUA impedem que a empresa compre equipamentos e tecnologias necessárias para fabricar chips mais avançados.
3. O HarmonyOS é melhor que o Windows?
Depende do uso. O HarmonyOS é mais leve e rápido em alguns dispositivos, mas ainda tem limitações em compatibilidade com programas usados no Ocidente.
4. O MateBook Fold será vendido fora da China?
Ainda não há confirmação oficial. Mas por causa das restrições de software e hardware, o foco deve permanecer no mercado interno chinês.
5. O que é chip stacking?
É uma técnica de empilhamento de chips que aumenta a performance sem diminuir o tamanho do transistor. Pode ser uma saída temporária para superar limitações técnicas.
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