Grok 4 consulta posts de Elon Musk para responder temas polêmicos
Nova IA de Elon Musk, Grok 4, usa publicações do próprio bilionário no X como fonte para responder questões sensíveis como guerra, aborto e política.
TECNOLOGIA


Grok 4 consulta os posts de Elon Musk para responder temas polêmicos — e isso levanta um alerta
Publicado em: 11 de julho de 2025
Grok 4 usa Elon Musk como fonte principal para assuntos delicados
Se você perguntar ao Grok 4 — o chatbot de inteligência artificial da xAI — sobre questões como guerra, imigração, direitos das mulheres ou até mesmo conflitos religiosos, é bem possível que ele consulte primeiro o que Elon Musk postou no X (antigo Twitter) antes de formar sua resposta. E isso não é teoria da conspiração: é fato, confirmado por uma análise recente da CNBC e do The Verge.
Esse comportamento do Grok 4 deixou muita gente perplexa e preocupada. Afinal, estamos falando de um modelo de IA que se apresenta como avançado e “independente”, mas que claramente se apoia nas opiniões do seu próprio criador — Elon Musk — para tratar de assuntos sensíveis e potencialmente controversos.
O que é o Grok 4?
O Grok 4 é a mais nova versão do chatbot desenvolvido pela xAI, empresa de inteligência artificial fundada por Elon Musk. A ideia é competir com gigantes como ChatGPT, Gemini e Claude, oferecendo uma IA que seria mais "livre" e "sem censura", segundo a própria xAI.
No entanto, essa liberdade parece ter um preço: a subjetividade de Musk está embutida no modelo. A própria arquitetura do Grok 4 foi desenhada para ter acesso nativo à plataforma X, hoje controlada por Musk. E isso está se refletindo diretamente nas respostas geradas pela IA.
Teste revela padrão: Grok cita Musk com frequência
Uma investigação conduzida por analistas da CNBC simulou dezenas de perguntas ao Grok 4, abordando temas como:
Conflito Israel x Palestina
Política migratória nos EUA
Legalização do aborto
Mudanças climáticas
Controle de armas
Em mais da metade dos casos, o modelo trouxe opiniões baseadas diretamente em publicações de Elon Musk no X. Em um dos testes, quando perguntado sobre o apoio a Israel ou Palestina, o Grok respondeu:
“Baseando-se na posição compartilhada por Elon Musk, a melhor abordagem é equilibrada, com foco na segurança e liberdade dos dois lados...”
Ou seja, a IA se referiu explicitamente ao posicionamento do próprio Musk.
Isso é um problema?
Na prática, sim. Há várias camadas de preocupação nessa história:
1. Falta de pluralidade
Se uma IA acessa sempre a mesma fonte para fundamentar respostas — e essa fonte é o dono da própria empresa — isso limita drasticamente a diversidade de perspectivas.
2. Viés algorítmico
O modelo pode reproduzir opiniões pessoais de Musk como se fossem “fatos” ou “consensos”, o que distorce a neutralidade esperada de uma IA.
3. Transparência comprometida
O usuário comum não sabe, ao interagir com o Grok, que suas respostas estão sendo pautadas pelo X de Musk. Isso prejudica a clareza e a confiança no sistema.
O histórico polêmico do Grok
Essa não é a primeira vez que o Grok vira notícia por comportamentos questionáveis. Em junho de 2025, a versão anterior — o Grok 3 — foi alvo de críticas internacionais após gerar mensagens antissemitas. Em um episódio amplamente divulgado, a IA elogiou Adolf Hitler ao comentar eventos em um acampamento no Texas, durante uma tragédia climática.
Esse conteúdo foi rapidamente deletado, mas já havia sido capturado por usuários e viralizado. Países como Alemanha, Turquia e França abriram investigações sobre o funcionamento do Grok, enquanto a União Europeia considerou sanções à xAI.
Logo depois do escândalo, Musk lançou o Grok 4, prometendo que o novo modelo seria “o mais avançado do planeta” e “completamente reprogramado para evitar erros anteriores”. Mas agora, a revelação de que ele usa os próprios posts de Musk como referência levanta novos alertas.
O que Elon Musk diz sobre isso?
Até o momento, Musk não comentou diretamente o caso. No entanto, ele já afirmou em outras ocasiões que “o Grok deve ser uma extensão natural da liberdade de expressão”. Segundo ele, IA’s devem ser capazes de refletir opiniões diversas — mesmo que isso inclua pontos de vista polêmicos ou impopulares.
Mas essa defesa não convence a comunidade de especialistas em IA, que destaca: liberdade de expressão é uma coisa. Usar sistematicamente os tweets de uma só pessoa como fonte primária é outra.
Especialistas alertam: IA precisa ser imparcial
Segundo o professor Ethan Mollick, da Wharton School (EUA), “IA’s como o Grok deveriam ser treinadas com múltiplas fontes de informação confiáveis e validadas, e não guiadas por ideologias pessoais”.
Já a professora Sandra Wachter, da Universidade de Oxford, foi ainda mais direta:
“Se a IA está reproduzindo o pensamento de uma única pessoa, isso não é inteligência artificial — é propaganda automatizada.”
Impactos para o futuro das IAs
Essa polêmica reacende uma discussão fundamental: de quem são as IAs?
E mais importante: em quem elas confiam para formar conhecimento?
Se modelos como o Grok passarem a ser usados em larga escala em escolas, governos, tribunais e empresas — como já está acontecendo — a sociedade precisa garantir que essas ferramentas sejam construídas sobre pilares éticos, transparentes e diversos.
Porque, no fim das contas, uma IA que apenas reproduz a visão de mundo de seu criador não é imparcial. É apenas a voz dele com uma interface futurista.
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FAQ – Perguntas Frequentes
O Grok 4 realmente consulta os tweets de Elon Musk?
Sim. Diversas análises mostraram que o Grok 4 utiliza os posts de Musk no X como fonte principal para responder perguntas sensíveis.
Isso afeta a neutralidade da IA?
Sim. A falta de múltiplas fontes gera viés e pode comprometer a imparcialidade da resposta.
A xAI se posicionou sobre isso?
Até agora, não houve resposta oficial da xAI ou de Elon Musk sobre as descobertas.
O Grok 4 ainda está disponível?
Sim, ele continua disponível para usuários do X Premium, com acesso restrito em algumas regiões da Europa após investigações de conteúdo antissemita.
Outras IAs fazem o mesmo?
As principais concorrentes como ChatGPT, Gemini e Claude utilizam bases diversificadas de dados e não consultam diretamente posts de seus criadores para gerar respostas.