Brasil testa conexão via satélite em celulares com Viasat

Tecnologia D2D permite envio de mensagens por satélite direto no celular, sem antenas extras. Teste foi feito no Brasil, sem envolvimento da Starlink.

TECNOLOGIA

Uberaba digital

4/24/2025

Brasil testa conexão via satélite em celulares — sem depender da Starlink

Você já se imaginou no meio do mato, sem sinal de celular, mas ainda conseguindo mandar uma mensagem? Pois é, esse cenário está cada vez mais próximo de virar realidade aqui no Brasil, graças a um teste inédito de conexão via satélite em celulares feito recentemente pela empresa Viasat.

E o mais curioso? Isso tudo aconteceu sem a presença da famosa Starlink, de Elon Musk, que domina boa parte das manchetes quando o assunto é internet via satélite.

O que foi testado exatamente?

A Viasat, que já é conhecida por oferecer soluções de conectividade em áreas remotas, fez uma demonstração da chamada tecnologia D2D (Direct to Device), que permite que celulares se comuniquem diretamente com satélites — sem necessidade de torres de sinal ou equipamentos específicos.

Esse teste aconteceu em Brasília, com a presença da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), e mostrou que celulares comuns, de diversas marcas, conseguiram enviar mensagens de texto (SMS e MMS) se conectando diretamente ao satélite.

A demonstração utilizou a banda L do espectro, a mesma que a Starlink já usa nos Estados Unidos para oferecer esse tipo de conexão. O foco, por enquanto, está em mensagens curtas, já que a velocidade de transferência de dados ainda é limitada.

Uma tecnologia em testes há meses

Apesar do teste público ter acontecido em abril, a Viasat já vem testando essa inovação há algum tempo. Em fevereiro de 2025, a empresa realizou o primeiro experimento com conexão via satélite em celulares no Brasil e em toda a América do Sul.

Na época, carros conectados rodaram entre Curitiba e Blumenau, usando redes móveis 4G. Mas o diferencial foi que, nos trechos onde o sinal tradicional sumia, os veículos continuavam conectados via satélite — graças à tecnologia D2D.

Participação da Anatel e apoio institucional

Um dos principais apoiadores dessa tecnologia é a própria Anatel. Durante a demonstração mais recente, o presidente da agência, Carlos Baigorri, participou pessoalmente e até recebeu uma mensagem via satélite em seu celular.

Para Baigorri, a tecnologia D2D tem um enorme potencial de impacto positivo no Brasil, principalmente para regiões remotas e situações de emergência. Ele destacou que a Anatel está comprometida em apoiar o desenvolvimento dessa inovação, tanto em nível nacional quanto internacional.

“A Anatel tem dado todo o apoio, no Brasil e em nível internacional, para o desenvolvimento dessa tecnologia, justamente por entender que ela traz um grande potencial para nossa população”, afirmou Baigorri.

Diferença entre a Viasat e a Starlink

Muita gente associa internet via satélite automaticamente à Starlink, mas a verdade é que a Viasat trabalha com um modelo bem diferente.

Enquanto a Starlink opera com uma constelação de milhares de satélites em órbita baixa e não-geoestacionária, a Viasat usa satélites geoestacionários, que ficam a cerca de 36 mil quilômetros de altitude, sempre posicionados sobre o mesmo ponto da Terra.

Esse modelo tem suas vantagens — especialmente em cobertura de áreas extensas —, embora a latência (o tempo de resposta da conexão) possa ser um pouco maior.

O que dá pra fazer com a conexão via satélite em celulares?

Por enquanto, o foco está em mensagens de texto. Isso acontece porque a taxa de dados da tecnologia Direct to Device ainda é limitada. Ou seja, nada de vídeos, chamadas de voz ou internet rápida por enquanto.

Mas mesmo assim, essa funcionalidade já representa um grande avanço. Em situações críticas, como desastres naturais, acidentes em locais remotos ou emergências em regiões sem sinal, conseguir enviar uma simples mensagem via satélite pode ser vital.

Complemento, não substituto

Um ponto importante que o presidente da Anatel ressaltou é que essa conexão direta com satélites não veio para substituir as redes móveis atuais, como o 4G ou 5G. Pelo contrário, a ideia é justamente ser um complemento.

“A capacidade instalada nas redes terrestres dificilmente será substituída por sistemas satelitais. São casos de uso e condições de acesso bastante diferentes”, explicou Baigorri.

Ou seja, a gente vai continuar dependendo das torres de celular em áreas urbanas e bem conectadas. Mas, com o avanço da tecnologia D2D, poderemos estar conectados também em locais onde hoje o celular simplesmente não funciona.

O futuro está mais próximo

Apesar dos desafios, é inegável que a conexão via satélite em celulares está caminhando rápido. Empresas como a Viasat estão investindo pesado nesse tipo de solução, e o apoio de órgãos reguladores como a Anatel acelera ainda mais esse processo.

Em um país com dimensões continentais como o Brasil, onde muitas comunidades ainda vivem sem qualquer sinal de celular, essa tecnologia pode ser a chave para levar conectividade onde antes parecia impossível.

E o melhor: com mais opções no mercado, o usuário final sai ganhando — afinal, não dependemos apenas da Starlink para inovar no setor de satélites.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. O que é tecnologia D2D?
É a sigla para “Direct to Device”, que significa comunicação direta entre satélites e dispositivos móveis, como celulares, sem precisar de torres ou antenas intermediárias.

2. Já dá para usar a conexão via satélite no Brasil?
Ainda não de forma comercial. A Viasat está realizando testes, e os primeiros usos reais devem acontecer em áreas remotas e em situações de emergência.

3. A tecnologia D2D vai substituir o 4G ou 5G?
Não. A proposta é que ela funcione como complemento, especialmente em locais sem cobertura terrestre.

4. É possível navegar na internet com essa tecnologia?
Atualmente, não. A conexão ainda é limitada a envio de mensagens de texto (SMS e MMS), devido à baixa taxa de transferência de dados.

5. Qual a diferença entre os satélites da Viasat e da Starlink?
A Viasat usa satélites geoestacionários (mais altos e fixos), enquanto a Starlink trabalha com satélites de órbita baixa (mais próximos da Terra e em movimento constante).

Se você achou essa novidade interessante, compartilha com quem sempre reclama de falta de sinal. O futuro da conexão via satélite em celulares pode estar mais próximo do que parece — e o Brasil já está na frente dos testes!

Links úteis sobre o tema